Só quando as coisas
úteis desaparecem é que notamos a falta que fazem. Tinha alguém reparado
no excelente serviço público que o 24 horas prestava ao país? Não? Então
habituem-se.
A selecção foi ontem eliminada pela Espanha.
O governo eliminou hoje a possibilidade
de negócio da (espanhola) Telefónica.
(Qual mau perder qual carapuça.)
Mais, e principalmente: fecham
hoje quatro fantásticas salas de cinema do Porto. O centro (na verdade
não, o centro há muito que não tem salas de cinema) da cidade conta agora com
apenas duas salas de exibição regular – o Campo Alegre e o Nun’Álvares. Acho
que percebo agora o quão custoso é dizer adeus àquelas salas – este “agora”
enquanto estado de reminiscência dos filmes que lá vi, depois de vasculhar
na caixinha onde guardo os bilhetes de cinema. Não é um esforço de nostalgia
emocional; é naturalmente que a minha consciênci me remete para os filmes
(os bons principalmente, mas muitos dos maus também) que vi no “Cidade” quando
tento prestar-lhe homenagem. E assim o farei.
Foi nessas salas que vi, entre muitos, o Closer,
o Deathproof do
Tarantino, o History of Violence e o Eastern Promisses do Cronenberg, o My Bluberry
Nights do WKW, os
últimos do Woody Allen (ah, o Matchpoint…), o (belíssimo) Belle
Toujours e o
(intragável)Cristóvão Colombo, do Oliveira, o Ninguém
Sabe e o Andando do Koreeda, o Brokeback
Mountain, Capote, Syriana,
o Caché e
o Lanço Branco do
Haneke, o Les triplettes de Belleville, O
Caimão do Moretti,
os portugueses (surpreendentemente bons)Odete eOnde bate o Sol, o Paranoid Park do Van Sant, o Broken
Flowers (e este
último a que não achei grande piada) do Jarmusch, as reposição do Gattopardo e do Voando sobre um Ninho de Cucos (sem dúvida
das melhores sessões), Before the Devil knows you’re Dead,do
Lumet, o Tetro (brilhante) e – provavelmente o melhor
filme em estreia que lá vi – oMillion
Dollar Baby, do Eastwood. Despedi-me hoje, condignamente, com o Bad
Lieutenent do Herzog.
Acabou-se.
publicado em 01.07.2010