É hoje notícia no Jornal de Negócios os constantes e avultados prejuízos
que as empresas de bingo do Porto (proprietárias, entre outros, dos antigos
Cinemas Trindade, Olympia e Charlot) actualmente suportam, o que deve levar a
uma reestruturação do sector do jogo. Uma nova esperança para as antigas salas
de espectáculos da cidade?
Fenómeno paralelo aconteceu com os cafés históricos. Depois de
uma época de declínio inverteu-se esta tendência e os cafés recuperaram o
brilho e o público de outros tempos, sendo actualmente considerados agentes
centrais do fenómeno de revitalização da Baixa. Sejam os velhinhos Progresso,
Piolho, Aviz, Ceuta, Ateneia, Guarany, Quinta do Paço, Majestic, etc, ou todos
os novos espaços da “movida” (que também acontece durante o dia), a verdade é
que o público voltou a acarinhar o hábito de “cafezar” pela Baixa.
Libertas as salas dos bingos (Trindade, Olympia e Charlot), das
igrejas evangélicas (Vale Formoso), dos parques de estacionamento (Lumière),
das danceterias (Julio Diniz), não esquecendo os que estão abandonados
(Nun’Alvares) e os que têm programação esporádica fruto de má gestão (Sá da
Bandeira e Sala Bebé), poderemos em breve assistir a uma rejeição da habitual
ideia que o mercado e os investidores têm de que há sempre actividades
mais rentáveis para estes espaços do que aquelas para as quais foram
originalmente concebidos.
O próximo passo do desenvolvimento cultural da cidade passa por
aqui, não tenho dúvidas. Haja audácia e ambição para se investir nas velhinhas
salas de espectáculos. O público agradece.
publicado em 29.10.2009