Naquela altura em que contratavam poetas para preparar a
estreia de um filme em Portugal, deram este nome ao “McCabe & Mrs. Miller”
do Robert Altman. Não sei se este título assenta ou não ao tal western, porque
ainda não o vi (grande falha minha, é verdade, ainda para mais fã do senhor);
mas esta frase remete-me sempre que a ouço para os contos de Fitzgerald.
Falo de tudo isto pela mais simples razão: gosto de me
deitar tarde e de acordar tarde. Que horrível maneira de começar o dia essa de
ter logo aulas ou trabalho à nossa espera. Acordando um bocado antes pela hora
do almoço pode-se aproveitar a companhia e a galhofa servida à refeição para
enfrentar as tarefas ruins que nos assombram constantemente. E se alguma má
vontade não se dissolver com a paparoca, o cafézinho soalheiro ao sabor da
conversa do dia encarrega-se disso.
À noite tudo ganha uma leveza singular. A música soa melhor,
os filmes brilham com mais força no ecrã, as conversas mais aprazíveis e
melodiosas. E pela cidade vadios como nós saltam de copo em abraço à procura
que a madrugada surja. Porque o que importa é saber que, por breves
momentos, podemos livremente esboçar as mais belas utopias que ninguém nos
chateia. E tanto melhor se alguma canção nos for embalando à boleia durante
essa viagem. Daí a nada é de manhã e na rua já os primeiros carros apitam a
tranquilidade da noite para bem longe; e no despertador alguém relata as
primeiras notícias do dia.
publicado em 19.05.2009