Asneira



Enquanto esperava pelo autocarro abrigado da chuva debaixo da paragem, um miudito de quatro anos acompanhado pela mãe e por uma amiga ia cantando “SLB SLB SLB SLB SLB SLB, filhos d’… (olha que apanhas Wilson!) … uma asneira, SLB, filhos de uma asneira SLB” (Risos e lá castiço é o moço!). O puto encorajado pelo divertimento dos graúdos continuava “SLB SLB, filhos d’… (silêncio expectante) …a fruta SLB, filhos da fruta SLB” (Ah ah, é levado do raio o raça do miúdo!). E já aos saltos com a paragem toda de olhos postos nele, investe pela terceira vez “SLB SLB SLB, filhos da puta, (!) SLB, filhos da puta, SLB” (WILSON!!!). Agora o puto chora e as atenções voltam-se de novo para as dores de costas, os pés molhados, a demora do caralho do autocarro. E ouço os soluços do rapaz que, sem compreender os moralistas e perversos adultos que o incitam a passar o risco para logo lhe pisarem o pé, lamenta a sua curta ingressão pela comédia brejeira.

Que merda de tempo.




publicado em 09.06.2009