Finalmente livre, oficialmente de férias. Já não era sem
tempo! Vamos mas é ao Fantas que já a procissão vai no Rivoli.
Infelizmente, falta este ano ao festival aquela salinha
decrépita e raquítica onde é costume passar-se os filmes mais undreground ou de séries de culto (j=B,C,…Z). Teve
ela lugar durante muito tempo no Carlos Alberto, depois no Passos Manuel e no
Sá da Bandeira. Este ano parece que há umas sessõezecas, nada que valha um
chavo, nas salas da Zon Lusomundo (“e você, está on?” – slogan mais azeiteiro
de sempre, ou é só impressão minha?). O cinema quer-se é na Baixa, com sessões
de “Meet the Feebles” às duas da manhã no Sá da Bandeira, ou surreais matinés
de “The Rocky Horror Picture Show” na mesma sala ex-pornógrafa.
Do programa: é notavelmente mais fraco que o de anos
anteriores. Desde logo falta um Kim Ki-duk. Depois, a ausência da já referida
colecção de pérolas freaks. Mas esmiuçando bem o
programa, escapam alguns filmes que merecem, senão que os veja, que os tenha
nisso em consideração.A começar pelo de abertura, “Che” do Soderbergh, (o que
aí virá…), sendo o único impedimento a fila para comprar os bilhetes – a premiere suscita sempre aquela obcessão pelo
glamour hollywoodesco que leva tanta gente aversa ao espírito do Fantas a
marcar presença nessa noite. “Vanaja”, vindo da Índia, melhor primeira obra em
Cannes, parece uma boa oportunidade para descobrir uma nova cinematografia de world
cinema. “Absurdistan”, do alemão Veit Helmer, realizador de Tuvalu,
grande sucesso no festival há uns anos atrás. “Astropia”, da Islândia, mais
numa de ver uma Miss nórdica transplantada para o universo geek de Dungeons & Dragons. “Hansel
& Gretel”, made in Coreia do Sul, horror em cores saturadas e comilanços de
cabeça à boa maneira oriental. “Palermo Shooting”, do Wim Wenders, que não
poderei ir ver mas, amigos, se tiverem a oportunidade, façam por isso – aposto
vinte e cinco tostões como vale a pena. “Delta”, da Alemanha, prémio da crítica
em Cannes – quem sabe se não virá aí uma neue Woge do cinema alemão. Finalmente, toda a
filmografia do mestre italiano do terror Mario Bava, ou toda aquela que puder
apanhar até sexta. Perdi a oportunidade de ver o “Metrópolis” no grande ecrã.
Paciência, passamos na faculdade!
publicado em 17.02.2009